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quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Segundo os dados apurados pelos Censos 2001, a freguesia de Vila Boa possui 329 residentes, uma área de 30,8 Km2 e, por conseguinte, uma densidade populacional de 30,8 hab./km2.
A aldeia está situada junto de uma pequena ribeira, a ribeira de Palhais, afluente da margem direita do rio Côa, a 10 km a nordeste do Sabugal.
O orago da freguesia é São Pedro. A instituição paroquial parece datar de meados do século XVIII, tendo sido curato da apresentação do reitor de Vila Nova (do reitor de Nave, segundo a Estatística Parochial de 1862).
Do seu património cultural e edificado, destaca-se a Igreja Matriz com a sua imponente torre, os cruzeiros e o chafariz. Outros locais de interesse turístico e natural são a Ermida de Santo Antão, a Ermida de São Gregório e as paisagens naturais envolventes.
Entre as principais festividades, assinalamos a Festa do Santíssimo Sacramento (3º Domingo de Agosto), do Santo Antão (17 de Janeiro), de São Gregório (4º Domingo de Maio) e de Nossa Senhora dos Prazeres (Domingo a seguir à Páscoa).
Pela sua riqueza em gastronomia, em paisagens, em tradições e, sobretudo, por um saber acolher das suas gentes, Vila Boa vale bem uma visita.
Outros dados estatísticos (Censos 2001)
Homens: 160
Mulheres: 169
Famílias: 141
Alojamentos: 340
Edifícios: 340

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Vila Boa: passado, presente e futuro

Ainda Vila Boa não tinha nascido e já as raízes de uma “boa vila” davam sustento a outros povos. Segundo reza a lenda, teriam passado por aqui dois cavaleiros romanos que, deslumbrados pela beleza e fertilidade dos campos, acharam neste local o sítio ideal para a construção de uma boa vila (“vila” significava, para os Romanos, “casa de campo”).
Se a lenda nada prova acerca da presença romana, confirmam-no, no entanto, os vestígios históricos que por aqui têm aparecido. Por isso, quer tenha uma origem lendária, quer não, Vila Boa é uma das mais antigas povoações do concelho e foi também uma das mais populosas. Também não há necessidade que venham cavaleiros romanos proclamar que o terreno é fecundo. Vila Boa foi sempre povoação de gente apaixonada pelo campo. De enxada na mão ou atrás do arado que sulca a terra, as gentes sempre souberam tirar do solo generoso o pão para alimentar um dos maiores povoados das redondezas.
Em tempos mais recentes, de meados do séc. XIX até meio do séc. XX, descobriu também esta freguesia a indústria. No sítio da “Morganheira” existiram duas fábricas de cobertores de lã pura e de tecidos grossos. A produção abastecia toda a região e chegava até Lisboa. Quanto à poluição, nada a registar! Esta indústria era totalmente limpa e inócua, pois as fábricas eram movidas hidraulicamente. Hoje, restam ruínas e... muita nostalgia!
Actualmente, residem na aldeia, contentes e felizes, trezentas e trinta boas alminhas. As principais actividades económicas são a agricultura, o comércio, a indústria de lacticínios, a carpintaria, a serralharia, a indústria de panificação e a pastorícia. Alguns procuraram trabalho nas povoações vizinhas, nomeadamente no Soito, Sabugal e Rendo. Esta pequena moldura humana ainda se encontra bem polvilhada – “Deo gratias!” – de bastante gente nova. Entre este sangue novo, cerca de trinta são aspirantes a bons cristãos e, para isso, iniciaram já a adequada preparação ao Crisma. Estão empenhados, são cumpridores, sabem que querem seguir uma ética cristã e, agora, é que estão mesmo convictos que D. Manuel Felício virá crismar a Vila Boa!
Ah! Não podemos esquecer os mais pequeninos! Oito aprendem e brincam na escola do 1º Ciclo e outros oito chilreiam no Jardim Infantil.
E quanto ao futuro? Pois, de facto, esse a Deus pertence, mas os homens têm as suas responsabilidades, sobretudo aqueles que detêm legalmente o poder de decisão.
A curto prazo, estão previstas as obras de acalmia de trânsito na travessia de Vila Boa, o asfaltamento do acesso a S. Antão, a continuação das obras no complexo desportivo, piscinas incluídas, a conclusão da pavimentação dos arruamentos...
Numa perspectiva mais geral, para o futuro, os Vilaboenses anseiam aquilo que todos os povos desejam: criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam bem-estar, segurança, trabalho, liberdade, paz, protecção e o direito de se poder viver na terra onde se nasceu.



António Dinis

quarta-feira, 2 de agosto de 2006






PROLIFERAM AS CEGONHAS, ESCASSEIAM AS PESSOAS

Há cada vez mais cegonhas em Portugal. E ainda bem. Os esforços de preservação da espécie, ocorridos nos últimos anos, deram os seus frutos. A este facto não é alheia, entre outros factores, a sensibilidade ambiental das populações e os esforços desenvolvidos pelos serviços de protecção da vida selvagem. À imagem do que acontece por esse Portugal fora, também em Vila Boa se tem constatado um acréscimo populacional desta espécie de aves. Existem cinco casais de cegonhas-brancas, que fixaram residência nos freixos, árvores muito abundantes na nossa freguesia, e pode observar-se que, na torre da igreja, mais um casal edifica o seu ninho de amor, estando as obras a decorrer a bom ritmo, sendo que, este local emblemático de Vila Boa tinha deixado de acolher estas aves há mais de trinta anos.
Contudo, a vida das cegonhas, tal qual a dos humanos, não está isenta de perigos, incidentes e acidentes, uns provocados por factores naturais, outros consequência do progresso. Em Agosto de 2006, uma destas aves, por distracção, ou talvez por deficiências no “radar”, ou por outro motivo não apurado, colidiu com a rede que delimita o espaço das piscinas, sendo socorrida pelos jovens que se encontravam naquela zona de lazer e pelos vizinhos que, entretanto acorreram ao local do acidente. O certo é que, horas depois, já a cegonha sulcava os céus no seu voo airoso e idílico.
Há dias, aconteceu outro percalço. Este foi ocasionado por um duelo entre duas cegonhas, provavelmente porque cada uma delas reclamava o direito ao seu território. Desta luta resultou um profundo ferimento no dorso de uma delas. Incapaz de voar, a pobre cegonha indefesa foi, uma vez mais, socorrida pela população, que a conduziu à Junta de Freguesia, sendo depois encaminhada para os serviços da Reserva Natural da Serra da Malcata, com a promessa de, uma vez restabelecida, ser largada no mesmo local.
Outras aves têm tido menos sorte, como aquelas que colidem com as linhas de alta tensão, pois nesta situação nada há a fazer. Tem havido alguns casos de aves mortas por electrocussão na nossa freguesia.
Tal como a população, também a Junta de Freguesia tem manifestado uma forte sensibilidade pela preservação desta espécie animal, quer procurando criar condições para a sua permanência, quer prestando socorro sempre que necessário, porque, neste caso, e ao contrário do que diz o provérbio, vale mais dois pássaros a voar do que um na mão.
Porém, se as cegonhas procuram cada vez mais as nossas terras, a verdade é que cada vez menos trazem encomendas no bico. Os nascimentos de bebés são uma raridade e o interior raiano, à imagem do que acontece nas zonas do interior de Portugal, está despovoado, tornando-se portanto necessário e urgente combater agora esta desertificação humana. Estas regiões, caracterizadas pelo despovoamento e por populações envelhecidas, por mão-de-obra pouco qualificada, por baixos níveis de escolaridade, por incipiente e frágil tecido industrial, por técnicas agrícolas ultrapassadas, por reduzida capacidade de atracção de investimentos e, agora, por deslocalização de serviços, estão condenadas à desertificação, se não se tomarem medidas urgentes e drásticas.
No entanto, estes lugares têm mais-valias indiscutíveis. Comportam potencialidades associadas à qualidade paisagística e ambiental, ao património, aos laços enraizados de solidariedade social e familiar, à baixa taxa de banditismo e criminalidade, às acessibilidades aos médios e grandes centros urbanos e à Europa e ainda à paz e tranquilidade que se respira.
Preservemos a vida selvagem, mas não esqueçamos a vida humana.

António Dinis